Projeto Hoje Menina, Amanhã Mulher pauta demandas do Plano de Ação para o Desenvolvimento de Meninas
- Fabiana Guia | Ascom Assorem
- 2 de set. de 2017
- 3 min de leitura
Profissionais técnicos e coordenadores do CREAS, CRAS e Centros POPs participaram do debate com coordenação da Unicef

É de senso comum que a maior parte das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres. Mas essas mulheres tiveram acesso a alguma política de formação enquanto meninas? É uma política que inexiste. Pensando no empoderamento de meninas em situação de desvantagem social e combate às diversas violências ocorridas na primeira infância, a Unicef em parceria com o Instituto Renascer Mulher, lançou mão da projeto Hoje Menina, Amanhã Mulher. O projeto está à frente da mobilização de gestores municipais, estaduais, profissionais da área social e sociedade civil, com o intuito de unir forças para a construção de um Plano de Ação para o Desenvolvimento de Meninas na capital baiana.
O ponto de partida ocorreu na última sexta-feira (1), durante o ciclo de conversa, ministrada pela professora e mestre em educação Valdecir Nascimento, no auditório da sede da Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), no bairro do Comércio, em Salvador.
Na ocasião, estavam presentes a representante do Renascer Mulher, Karine Silva e a coordenadora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Helena Oliveira, explicou a finalidade da parceria. “Nessa perspectiva de criar ações e melhorias através de acordos com governos, nós estabelecemos uma parceria com o Renascer Mulher, que já desenvolvia atividades olhando exatamente para essas meninas. A gente identificou essa iniciativa com um potencial muito grande de transformar a política de afirmação dos direitos da mulher”, disse a coordenadora para uma plateia lotada com profissionais técnicos e coordenadores, majoritariamente por mulheres, dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social (CREAS), Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência Especializado para População em situação de Rua (Centros POPs).
O Instituto, por sua vez, apresentou a proposta de que a escuta é o momento de apresentar as vivências desses profissionais, refletir e demandar a ações para mudar a realidade dessas meninas. “O objetivo é que juntos a gente consiga refletir sobre as violações de direitos e ao final dessas formação construir um plano para diminuir os altos índices de gestação na adolescência, de abuso sexual e trabalho doméstico infantil”, pediu.
Concorda a responsável por convidar os profissionais da rede de proteção da Semps, a gerente do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), Janet Suzart. Ela acredita que a experiência é uma maneira de conhecer a realidade dos profissionais e de subsidiar novas práticas para as famílias na dinâmica do atendimento realizado pela rede de proteção municipal. “As meninas estão incluídas nessas famílias, e os questionamentos apresentados são muito importantes os orientação dos técnicos trabalharem internamente com o fortalecimento dos vínculos. Para além disso, o diagnóstico que faço é a necessidade de acontecer mais encontros como esse”, sugeriu.

Fim a cultura do estupro
Escuta profissional, encaminhamento legal, atendimento eficaz e assistência aos profissionais foram as problematizações apontadas pelos profissionais através das vivências em campo, que serão debatidas nos demais encontros. “Ouvir, fazer com que a criança se sinta acolhida, desconstruir o processo de revitimização. A gente precisa cobrar rigor do poder público para que as pessoas percebam que existem celeridade, fazendo valer o que está na lei”, aponta Regina dos Santos, conselheira tutelar titular no bairro de Castelo Branco.
A partir do exercício de discutir os mitos e crenças que vitimizam meninas e adolescentes em decorrência do machismo e consequentemente a cultura dos estupro, provocada por Valdecir Nascimento, se concluiu que a naturalização de comportamentos nocivos deve ser desconstruída. “Nós temos um percentual altíssimo de meninas entre 15 e 16 anos que são mães e os meninos nãos assumem os filhos. Eles nãos são educados para isso. Precisamos mudar essa cultura que reproduz e desresponsabiliza os homens”, provocou a palestrante. Seguida pelo alerta de uma das titulares do conselho tutelar do bairro da Liberdade. “Quem não lembra da música que que fala: Ah, safada. Na hora de levar madeirada[...] Retrata fidedignamente o que aconteceu naquele estupro coletivo no Rio de Janeiro, culpabilizando a vítima como se ela estivesse ‘atrás’ dos meninos”, alarmou a conselheira, Angela Paz.
Instituto Renascer
Por meio de formações sobre identidade, educação financeira, saúde sexual, reprodutiva e cidadania desde 2003, o Instituto realiza atividades a fim de promover a atuação cidadã de meninas e mulheres. “Através dessa perspectiva de vulnerabilidade por gênero, na qual meninas sofrem mais violências que meninos, é possível se questionar sobre o nosso papel como prestador de serviço e criar condições de combate para o fenômenos”, analisa Oliveira, lançando luz para as demandas apresentadas pelos servidores.
Na perspectiva de escuta, o projeto Hoje Menina, Amanhã Mulher realiza o ciclo de conversas para a formação de profissionais da área de saúde e educação vinculados à Secretaria Municipal de Politica para Mulheres, Infância e Juventude. A agenda inical, segue até dia 27 de setembro.
Imagens: Fabiana Guia








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