Roda de conversa do Dia Internacional da Menina alerta para a construção de rede de proteção de meni
- Fabiana Guia | Ascom Assorem
- 12 de out. de 2017
- 2 min de leitura

“Não vamos deixar que as meninas abram mão de ser menina, e consequentemente, amanhã mulher. Obedecendo o curso natural que se configura na conclusão de etapas como infância e juventude, passando pelas descobertas da vida e apontando outros caminhos, diferente ao da gravidez precoce, do cuidado ou trabalho doméstico”, garantiu Ligia Margarida Gomes, diretora do Instituto Renascer Mulher e projeto Hoje Menina, Amanhã Mulher, que em parceria com a Unicef Brasil, Plan International Brasil, Odara – Instituto da Mulher Negra e Brazil Foundation, promoveu a Roda de Conversa do Dia Internacional da Menina, (11/11), no auditório do Parque São Bartolomeu, Subúrbio Ferroviário de Salvador.
Gomes e as meninas do Hoje Menina, Amanhã Mulher, apresentaram as propostas de construção coletiva do Plano de Desenvolvimento de Meninas e o esboço da agenda municipal para a promoção de uma rede de proteção efetiva para meninas. Compromisso firmado por representantes das Secretarias, Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (SEMPS), Municipal da Reparação (SEMUR), Municipal de Saúde, Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) e do Fundo Municipal para o Desenvolvimento Humano e Inclusão Educacional de Mulheres Afrodescendentes (FIEMA), presentes na ocasião.
Ressaltando a importância do trabalho combativo que a sociedade civil realiza, a tônica da cobrança foi a presença do Estado. Como a coordenadora do Instituto Renascer Mulher, Karine Silva, apontou como o cerceamento da informação pode ser um dos maiores entraves do direito à sexualidade dessas jovens. “Educação e saúde é crucial. Acho que a Secretaria de Educação tem uma responsabilidade grande nessa questão da gestação precoce e saber como se dá essa gravidez. Se por abuso, porque aprendeu sobre sexo cedo demais ou os pais não falam sobre sexo. A gente tem problema de entrar na escola, a cartilha [de Orientação Sexual do MEC] não entra nas escolas”, alarma a coordenadora.
Depoimentos e desabafos a partir da área de atuação dos presentes marcaram a Roda de Conversas. À exemplo da mobilizadora do Hoje Menina, Amanhã Mulher, Valda França e seu relato sobre a consequência da falta de assistência à adolescente mãe solo, ex-aluna da escola na qual leciona. “Uma menina, atualmente com 17 anos, possui dois filhos e cuida de um sobrinho que ficou órfão. Não possui condição psicológica, nem financeira, de cuidar das crianças. Não tem com quem deixar os filhos, nem como trabalhar. Além de ser constantemente julgada e apontada por familiares e vizinhos. Com podemos apoiar as meninas da nossa comunidade nessa situação?”, contou.

Para Ivete Sacramento, à frente da Semur, o debate sobre o tema é uma iniciativa pioneira e de interesse profundo para Salvador. “Aqui nós entramos no âmbito da transversalidade e sistematização. Quando a gente passa a ouvir as pessoas que convivem com essa temática, para sair do discurso e ir para a ação pontual e me coloco disponível para agir”, disse.
No encontro, ficou definido a realização do Seminário Políticas Públicas para Meninas e grupos de trabalho, abrindo a agenda municipal para realização de ações que coloquem luz sobre este tema e fomento a garantia de direitos das meninas na capital baiana.
Imagens: Fabiana Guia








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