18 de maio: Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual Infantil
- assorem
- 18 de mai. de 2018
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A data faz alusão a um crime, ocorrido em 18 de maio de 1973, quando Araceli Cabrera Sanches, de oito anos, foi sequestrada, drogada, espancada, estuprada e assassinada por integrantes da alta sociedade de Vitória, capital do Espírito Santo. Dessa maneira, a data foi instituída com o intuito de mobilizar e convocar toda a sociedade a participar dessa luta e proteger nossas crianças e adolescentes.
Os números são alarmantes e reafirma a importância de se denunciar e responsabilizar os autores de violência sexual contra a população infanto-juvenil, quando demonstram que 25% das mulheres e 12% dos homens mundialmente já sofreram abuso sexual antes dos 17 anos, segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS). E mais:
A maioria das violências sexuais contra crianças acontece dentro de seus próprios lares, muitas vezes nos momentos em que as crianças estão sozinhas em casa realizando trabalho doméstico, cuidando da casa e dos irmãos.
Esses abusos são cometidos na maioria das vezes por seus próprios pais, irmãos, familiares, vizinhos e amigos próximos. Muitos autores de crime sexual contra crianças cresceram influenciados por uma sociedade que explora uma cultura de poder machista, do mais forte sobre o mais fraco, do masculino sobre o feminino, e os faz acreditar em privilégios de poder masculino que contribui para violência sexual de crianças e adolescentes.
O Disk 100 contabilizou em 2015, 16.701 denúncias de violência sexual contra meninas (12.885 denúncias de abuso sexual e 3.816 denúncias de exploração sexual); e 4.050 denúncias de violência sexual contra meninos (3.403 denúncias de abuso sexual e 647 denúncias de exploração sexual). Essa diferença no número de denúncias mostra como as meninas são a maioria das vítimas de violência sexual e como a questão da desigualdade de gênero está fortemente relacionada à violência sexual (Disk 100, 2016; Plan International, 2016).
Os dados mostram também que os meninos são violentados e explorados pela cultura do poder machista. Para os meninos, é mais difícil superar ter sido vítima de violência sexual, não só pela vergonha e o estigma, mas também devido aos estereótipos de masculinidade que tira o menino ou homem violentado sexualmente da posição de poder e controle. Por isso, casos de abuso sexual em crianças e adolescentes do sexo masculino são altamente subnotificados.
Muitas crianças, mães e famílias que foram violentados ou tiveram um integrante da família violentado sofrem com o medo, a vergonha e o estigma do abuso e acabam se isolando e protegendo o criminoso com seu silêncio, principalmente quando o criminoso é alguém da família, e geralmente é o próprio pai ou irmão. Assim, muitos casos não são registrados, o que torna os casos de violência sexual contra crianças e adolescentes altamente subnotificados.
A Fundação Abrinq lançou a campanha #PodeSerAbuso com intuito de mobilizar a população para quebrar o silêncio, e orientar sobre possíveis sinais de que uma criança está sofrendo abuso e informam os canais de denúncia.

A violência sexual na infância é inaceitável. È um grave problema social que está silenciado na sociedade e dentro das famílias. É preciso mais sensibilidade por parte da sociedade e de todos os envolvidos na defesa e proteção dos direitos da criança para que esta não seja vitima de violência sexual ou revitimizada. Não se pode julgar a criança que foi violentada com pensamentos e falas preconceituosas, colocando a culpa na criança ou na família pelo abuso sexual. Esta atitude é extremamente prejudicial e contribui para silenciar vítimas.
Muitas meninas e meninos vítimas de violência sexual, tornam-se depressivas, e também correm o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis como a AIDS e engravidar precocemente. A gravidez precoce faz mal a saúde da criança e da adolescente aumentando o risco de mortalidade materna, atingindo também o seu desenvolvimento físico, mental, educacional e psicossocial.

A violência sexual causa sérios danos às suas vitimas, desde problemas físicos e de saúde, problemas comportamentais e casos de suicídio. O abuso sexual ocorrido na infância tem sido considerado como um fator de risco para:
- ideações e/ou tentativas de suicídio;
- transtornos psiquiátricos, como a depressão, o estresse pós-traumático e a dependência química (uso de drogas)
- disfunções sexuais, transtornos de ansiedade e perturbações do sono.
- transtorno de estresse pós-traumático
- sentimentos de baixa autoestima,
- dificuldades de dizer não
- culpa,
- sensação de descontentamento
- e/ou raiva com o próprio corpo, impressão de estar “sujo”,
- pensamentos obsessivos, como lavar-se constantemente;
- dificuldade no estabelecimento de relações de confiança com indivíduos adultos
Quando adultos, crianças que sofreram violência sexual tem dificuldade:
- na maturidade comportamental:
- de dar e receber afeto,
- de alegrarem-se em ocasiões habituais da vida
- e desinteresse por atividades recreativas e que propiciem satisfação.
Quando uma criança é abusada seu mundo cai, seus sonhos se desfazem, ela morre em vida. Chamamos toda sociedade para refletir e combater a violência sexual infantil e também o silenciamento deste crime que contribui para tantas mortes em vida.
Faça Bonito. Não silencie.
DENUNCIE! DISK 100! PELA VIDA DE UMA CRIANÇA.
Saiba Mais:
Ministério dos Direitos Humanos http://www.mdh.gov.br/assuntos/criancas-eadolescentes
Centro de Defesa da criança e do adolescente da Bahia - www.cedeca.org.br
Childhood Brail www.childhood.org
Fundação Abrinq www.fadc.org.br
Faça Bonito www.facabonito.org.br








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